Antes de mais nada, vamos entender que o que iremos fotografar está próximo do infravermelho e fica entre 720 a 1000nm, acima disso seriam imagens térmicas e já fogem ao propósito dessa explicação.
O olho humano não é capaz de ver essa parte da luz, o que possibilita criar imagens diferentes de tudo que estamos acostumados a ver.
A fotografia infravermelha foi criada com fins militares na Primeira Guerra Mundial, pois ela consegue eliminar um pouco da perda de nitidez devido a atmosfera e consegue destacar prédios e vegetação (usado para diferenciar a camuflagem da vegetação local). Nos anos de 1970, foi usado para criar capas de álbuns de Jimmy Hendrix e Frank Zappa.
Como os sensores das câmeras digitais são muito sensíveis ao infravermelho(IR), é usado um filtro para bloquear boa parte do IR que chegaria ao sensor, ele é chamado de “hotmirror”. Para burlar esse filtro, temos duas opções: retirar o “hotmirror”, ou utilizar um filtro IR.
Ao usarmos um filtro IR, perde-se muita luz, uma vez que ele bloqueia a luz visível e deixa chegar somente comprimentos de onda acima de 720nm, e o “hotmirror” bloqueia a luz IR, o que nos obriga a fazer uma foto de longa exposição, que pode facilmente chegar em alguns minutos. Nesse caso, recomendo utilizar um tripé bem estável e cabo disparador. Sempre que possível, devemos focar utilizando o filtro, pois a óptica das objetivas não foi feita para esse comprimento de onda, ou seja, o que está em foco sem o filtro, pode não estar em foco com o filtro (algumas objetivas mais antigas tem uma marcação diferenciada para se usar com fotografia IR). Se não for possível focar com o filtro, faça sem e feche um pouco o diafragma para garantir que o assunto esteja em foco (eu costumo usar apenas ultra grande angular com esse filtro e normalmente em f/8-f/11, caso você use uma abertura maior, por volta de f/1.4 ou f/2.0, acredito que seja possível focar pelo liveview da câmera)
A outra opção seria remover o “hotmirror”. Nesse caso é necessário levar a câmera a alguma assistência técnica que faça o serviço, lembrando que pode ser um processo irreversível. Caso o “hotmirror” seja removido, as velocidades do obturador praticamente voltam ao “normal”, sendo possível fazer fotos sem uso de tripé. O foco deve ser calibrado também(tanto da objetiva, como da câmera) , pois ele ainda funciona com base no comprimento de onda da luz visível, se isso não for possível, recomendo fazer a remoção do hotmirror em uma câmera que tenha liveview, para que seja mais fácil acertar o foco.
No caso das longas exposições, como elas podem chegar facilmente em alguns minutos, eu faço uma exposição teste em ISO 6400, com alguns segundos (entre 1 e 5 segundos). Para cada segundo em ISO 6400, teremos um minuto em ISO 100 (de ISO 6400 para ISO 100, temos 6 stops, e de um segundo para 60 segundos, temos também 6 stops).
As fotos com IR, funcionam melhor próximo ao meio dia, onde há maior incidência de luz infravermelha. Apesar de ser um horário pouco convencional para se conseguir uma foto dramática, é o horário que tenho obtido os melhores resultados.
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No vídeo eu explico como fazer a conversão das cores para fazer as fotos coloridas, uma vez que após feito a exposição, teremos uma foto totalmente vermelha. Para chegar nas fotos com tons “mais normais”, iremos inverter os canais vermelho e azul, com o “Misturador de Canais”.
Esse filtro é um bom método para testar coisas novas, e pode ser usado de outras formas abrindo inúmeras possibilidades.
Espero que tenham gostado e até a próxima!