Hollywood e fabricantes de TVs bem que tentaram, mas o 3D não engrenou. O que foi, por um tempo, um diferencial curioso, hoje irrita e afasta consumidores.
Foi o que revelou o CEO global do Imax, Greg Foster, no final de julho. “Daqui para frente, planejamos exibir menos versões 3D de filmes, e mais versões 2D, […] pelas quais os consumidores mostraram uma forte preferência,” disse.
A febre dos filmes que quase literalmente saltam aos olhos teve seu pico em 2009, com “Avatar”. Desde então, o número de filmes lançados em 3D por ano cresceu ano após ano, enquanto os rendimentos de tais produções nos EUA só caiu. A tardia mudança de foco do Imax mostra que Hollywood demorou para receber a mensagem, mas está começando a entender: o 3D já cansou.
A indústria de TVs foi mais rápida: até mesmo consumidores que estavam comprando os modelos compatíveis com 3D, não o faziam por causa da função. “Não é algo que interessa o usuário,” explicou em janeiro Tim Alessi, da LG, ao site Cnet.
LG e Sony foram as últimas grandes fabricantes de TVs a eliminarem o 3D de seus novos modelos. Samsung, Sharp, TCL e Hisense já tinham abandonado o formato.
Óculos desengonçados e perda da qualidade de imagem são duas das reclamações mais comuns em relação ao 3D. E claro: o 3D é mais caro do que o 2D, e ninguém quer pagar mais para ter uma experiência pior.
Curiosamente, a aplicação mais elegante do efeito 3D estava no mundo dos games. Não no PlayStation 3, que encontrou total desinteresse do público com uma leva de lançamentos 3D há alguns anos, mas no portátil 3DS da Nintendo.
O grande diferencial do 3DS em relação ao seu predecessor, o DS, era a possibilidade de exibir imagens tridimensionais sem a necessidade do uso de óculos especiais. Mas, tirando algumas poucas exceções, os games da plataforma usavam o 3D como mera distração.
Uma versão mais poderosa do portátil, o New 3DS, veio com melhorias ao 3D, mas até mesmo a própria Nintendo acabou deixando o efeito para trás. Dos próximos lançamentos da produtora para o sistema, apenas “Pokémon” usa o 3D – e só em certas partes da experiência.
A primeira investida do 3D no mundo da cultura pop veio nos anos 1950, quando as TVs começaram a engolir os lucros do cinema nos EUA. A segunda, nos anos 1990, quando a tecnologia ganhou grandes melhorias. E agora a terceira está acabando: e se nem mesmo o 3D ideal do Nintendo 3DS convenceu o público, acho que está na hora de torcermos para que tenha sido a última.
Materia publicada originalmente em UOL