Operar uma mesa de áudio ou de som, para muitos parece algo de outro planeta. Mesmo com as mesas digitais, o que diminuiu consideravelmente o tamanho, peso e quantidade de componentes aparentes, mas agora se tem uma interface gráfica em um tela como a de um computador, à muitos isso parece mesmo coisa muito difícil. Mas com o devido estudo, compreendendo os conceitos de áudio e finalidade componente, vamos tornando isso mais amigável.
Talvez uma das discussões e dúvidas mais recorrentes é sobre a estrutura de ganho, ou seja, como trabalhar com o GANHO (Gain/Trim) e o FADER (Volume). Muitas pessoas levantam bandeiras de uma forma de operar, ditando isso como regra. Não tenho a pretensão aqui de pôr um fim a essa eterna discussão do que é “certo e errado”, mas apenas de trazer um pouco de luz, para que possamos achar o nosso caminho.
O GANHO, é o ajuste do pré-amplificador ou o amplificador de sinal, responsável por amplificar o sinal que entra na mesa. Como temos diferentes fontes enviando sinal para a nossa mesa, como microfones, que por sua vez tem cantores, palestrantes ou instrumentos que emitem sinais em níveis diferentes, guitarras, teclados, mp3 players, etc, todas essas fontes vão necessitar de um “tratamento especial”. Mas qual é o nível suficinete de amplificação nesse estágio? Toda a mesa tem um meter, um VU, onde mostra uma escala numérica com uma indicação luminosa, que vai do verde ao vermelho, passando pelo amarelo, normalmente. Basicamente nosso objetivo nesse estágio é evitar o vermelho, pois esse siginifica distorção e/ou o canal clipando, uma anomalia no áudio, que muitas vezes pode ser notável e extremamente prejudicial às caixas de som e logicamente à sua mix e seu público. E uma vez clipando o sinal na entrada, não há mais nada que você possa fazer para corrigir isso, a única coisa é reduzindo o GANHO.
O VOLUME ou FADER, funciona como um ajuste do nível de saída daquele sinal, o quanto dele queremos na nossa mix. Uma vez ajustado o nível adequado de amplificação do sinal, o FADER vai ser responsável por acomodar esse canal em uma mix seja ela musical ou de outra natureza, como um programa de televisão com vários microfones, tornado possível ajustes rápidos a fim de atingir os seus objetivos de inteligiblidade, informativo, de correção ou artísticos. O uso do FADER em valores mais baixos, sua posição mais próxima aos valores negativos, como se estivesse fechando o canal tendem a permitir o aumento do ruído de fundo, trazendo “sujeira” à sua mix, por isso uma boa relação “de amizade”, ou seja, um ajuste conjunto do GANHO com o nível do FADER, vai possibilitar a você trabalhar em uma zona de conforto, onde se possa evitar a entrada de ruído de fundo e ainda ter margem para manobras de acrescentar volume num determinado momento de solo, por exemplo, ou de redução de volume em um outro momento onde esteja sobrando alguma coisa, essas nuances em uma mix são extremamente importantes, e devem sim, ser muito dinâmicas, você deve estar ali atento o tempo todo para fazer correções.
Essa relação entre GANHO e FADER/VOLUME está claramente estabelecida, nos deixando bem evidente que um depende do outro, mas não é só isso, é preciso ter bem claro que o MASTER da mesa, que é o volume geral de saída, também está ali colaborando nessa relação. Se temos tudo certo entre GANHO e FADER, mas o MASTER está lá quase sem volume nenhum, estamos applicando aquela mesma situação que falamos sobre o uso do FADER, ficamos a mercê do ruído de fundo. O ideal seria que o MASTER estivesse numa posição de “transparência”, o 0dB, o que siginifica que não está adicionando, mas também tem a possibilidade de atenuar ou aumentar, se for o caso. E assim por sua vez o volume do amplificador que faz o último estágio para as caixas de som também participa dessa relação. MASTER e AMPLIFICADOR não irão possuir um papel tão dinâmico como GANHO e FADER, pois não fazem parte da mix, mas sim do resultado final.
Bons sons!